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Marcopolo - parte 1 Falta converter expansão de receita em expansão de lucro Código: POMO4 Preço: 27/10/04 Preço da PN por 1000 ações: R$ 6300,00 Número de ações: 112.38 MM Setor: Veículos e Peças Produtos/Serviços Principais: Carrocerias para ônibus.
Embora não esteja próxima do topo da lista, a Marcopolo está entre a dezena de empresas de nossa base de dados cuja receita mais cresceu na última década. Infelizmente, o crescimento de lucro da Marcopolo, apesar de bom, não tem acompanhado o de sua receita.
A despeito das virtudes da empresa, nossa análise indica que a ação da Marcopolo não oferece grande atratividade no preço atual. Mesmo assim, recomendamos acompanhar a empresa de perto. Uma queda de 10% no preço da ação, ou uma alteração semelhante em uma premissa chave de avaliação, já tornaria a compra atraente.
Consideramos qualquer investimento na empresa de longo prazo. Embora suas médias de crescimento e rentabilidade sejam boas, a natureza do mercado atendido pela empresa introduz irregularidades nas séries de lucros e receitas. O investidor deve estar preparado para épocas de desempenho abaixo da média. Neste respeito é confortante observar que a Marcopolo possui sólida posição financeira.
Se descobrisse como converter expansão de receita diretamente em expansão de lucro a empresa se tornaria um dos melhores investimentos de longo prazo da bolsa.
Introdução
Tudo na mais perfeita harmonia
Marcopolo detém 6% do mercado mundial de carrocerias de ônibus e é líder na América Latina. Com fábricas no exterior, e exportando um terço de sua produção brasileira, é considerada por seu vice-presidente (que deve estar se esquecendo da Gerdau) "a empresa mais internacionalizada do Brasil".
Analisamos a empresa pela primeira vez em junho 1999, prevendo uma "performance moderadamente superior ao mercado nos próximos anos". Voltamos à empresa em novembro de 2001, concluindo que não poderíamos "esperar um retorno anual de muito mais de 15% em termos reais".
Juntando dividendos e ganho de capital, de junho de 1999 até agora, a ação gerou um retorno de 169% em termos nominais. A porcentagem se aproxima de um retorno de 73% em termos reais: por volta de 10% aa e abaixo de nossa previsão. A taxa está praticamente idêntica ao crescimento médio do lucro líquido do período (de 12/98 até 12/03). Tudo na mais perfeita harmonia.
Será que não há uma possibilidade de uma aceleração na taxa de retorno nos próximos anos?
Tabela de Dados
História
Anos 40-50
1949 - Fundada a Bicola & Cia, nome original da Marcopolo, em 1949 em Caxias do Sul (RS). Inicialmente trabalharam na empresa os 8 sócios e 15 empregados. As primeiras carrocerias de ônibus foram adaptações em madeira de carrocerias de caminhão.
Anos 60
1960 - A empresa atingiu uma produção de 240 carrocerias ao ano e no ano seguinte foi assinado, com empresa uruguaia, o primeiro contrato de exportação.
Anos 70
1970 - Adquirida a empresa Carrocerias Elizário de Porto Alegre.
Anos 80
1981 - Inaugurada uma nova fábrica em Caxias do Sul que passou a centralizar a produção de ônibus mas a crise econômica forçou a empresa a reduzir a produção.
Anos 90
1990 - Foi criada a Escola de Formação Profissional Marcopolo.
Anos 00
2000 - Mercedes-Benz subscreveu 26% do capital da Polomex cujas instalações foram transferidas para Monterrey, junto à fábrica da Mercedes-Benz.
Grupo
Equivalência gerou um terço do lucro no 1S04
Em termos do patrimônio líquido ajustado, as maiores controladas, em ordem de grandeza, são Ciferal, Marcopolo International, MVC Componentes Plásticos e Polomex (controlada indireta).
No ano passado a equivalência patrimonial contribuiu 15% do lucro operacional, com a porcentagem subindo para 31% no primeiro trimestre de 2004. Nos dois períodos a Marcopolo International contribuiu com praticamente toda a equivalência.
Deduzimos (não é explícito nas Notas) que essa última firma é a principal empresa de participações para as controladas operacionais no exterior. A fábrica na Argentina, cujas operações foram suspensas em 2002, é da responsabilidade da Marcopolo Latinoamérica.
Controle e Administração
Controladores administram
Os principais administradores são também os maiores acionistas. Paulo Pedro Bellini, um dos fundadores da empresa, possui 28,8% das ações ordinárias e é Presidente do Conselho e Diretor Presidente. Jose Antonio Fernandes Martins, dono de 12,3% das ordinárias é Conselheiro e Vice Presidente. E Valter Antonio Gomes Pinto, com 11,0%, é Diretor.
Podemos verificar que os três controlam a empresa, detendo juntos 52,1% do capital ordinário.
Entre os maiores acionistas também se encontra o Fundo Bradesco Templeton, com 11,4% das ações ordinárias e 10,4% das ações preferenciais. Consideramos a participação da renomada Templeton um indício da qualidade da Marcopolo como investimento.
Sucessão
Há evidente risco para investidores de longo prazo o fato de as três figuras mais importantes da empresa possuirem mais de 70 anos.
Todos têm herdeiros e, de acordo com o vice-presidente: "Estão sendo devidamente preparados, com a ajuda de consultorias externas, para quando a gente largar o bastão. Mas acima de tudo nos preocupamos em preparar a equipe que toca o negócio."
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