CHECK-UP DA EMPRESA |
Weg: fecunda, lucrativa, resiliente, líquida, remunerativa - e se aproximando da plena valorização!
Código: WEGE3 Ibovespa: 64684 Valorização em 2017: 24,1% Setor: Bens de Capital
A Weg apresenta expansão média de receita e lucro de mais de 10% aa, em termos reais, durante mais de duas décadas. Seu retorno sobre patrimônio médio no período supera 22%.
A crise financeira ocidental e a recessão brasileira provocou desaceleração do crescimento na última década. Mesmo assim a empresa conseguiu manter seu retorno sobre patrimônio médio em mais de 20% e conservar um alto índice de solvência.
Com esses atributos não surpreende que análise indica que a ação da Weg se aproximam da plena valorização. Mas é cedo para vender.
Introdução
DNA é bom e futuro é elétrico
O Check-Up da Weg de 13/05/16 identificou uma "nova oportunidade de comprar qualidade". Quatorze meses após o papel contabiliza um ganho de 25%, mais dividendos. Infelizmente, com o Índice Bovespa registrando avanço idêntico, não podemos revindicar crédito pela valorização!
A mesma análise previa, com a manutenção dos benefícios da desvalorização no mercado externo, e o retorno, em 1-2 anos, da demanda doméstica, "a volta do tradicional desempenho robusto". Com a perda de parte da vantagem cambial, e a persistência da recessão no Brasil, ficamos em compasso de espera. Mas o que é esse "desempenho robusto"?
Nossos dados da Weg se iniciam em 1993. Nos 15 anos seguintes houve crescimento continua da receita da empresa, em termos reais. Após ser interrompida pela grande crise financeira em 2009 a expansão foi retomada em 2011, só sendo contida, pela segunda vez, em 2016, o segundo ano da pior recessão brasileira dos tempos modernos. Ao longo do todo esse período tanto receita quanto lucro cresceram a mais de 10% aa, em termos reais, com o retorno sobre patrimônio médio superando 22%.
É certo que nenhuma empresa cresce eternamente mas nada indica que a Weg entrou na senescência - e o DNA é bom e o futuro elétrico. Vamos renovar nosso acompanhamento.
O "W" se foi
Mas primeiro homenageamos Sr Werner Ricardo Voigt, falecido em primeiro de junho de 2016. Como fundador da empresa, com dois colegas, foi um dos principais responsáveis pela grande trajetória perfilada pela Weg.
Tabela de Dados
Últimos Resultados
Ano de 2016
Evolução de Resultados Consolidados
Consolidação
Enfrentando forte recessão no Brasil, com queda do PIB de 3,6%, e retração em investimentos no setor petrolífero no exterior, o ano de 2016 foi desafiador para a Weg. No caso, as dificuldades tiveram a vantagem de mostrar a resilência da empresa. E considerando que as vendas cresceram impressionantes 24,5% no ano anterior não é inapropriado a empresa falar em "consolidação".
Enfrentando declínio da receita consolidada de 4,0% a administração conseguiu reduzir o custo de vendas em 3,8% e as despesas operacionais em 2,2%, na comparação ano a ano. Este esforço admirável, junto com o aumento de 48,4% na receita financeira líquida, permitiu limitar a queda de lucro a 3,3%.
No período o mercado externo respondeu por 57% da receita consolidada, repetindo a cifra de 2015.
Aerogeradores, termoeletricidade
No ano houve três aquisições:
- Bluffton Motor Works dos EUA, especializada na manufatura de motores elétricos fracionários.
- O negócio de turbinas eólicas “utility scale” da americana Northern Power Systems, empresa que projeta, desenvolve e fabrica aerogeradores e é pioneira e uma das líderes tecnológicas em aerogeradores permanent magnet direct drive.
- A TGM Indústria e Comercio de Turbinas e Transmissões, fabricante de turbinas e transmissões, líder brasileira no fornecimento de soluções e equipamentos para acionamentos de geradores de energia elétrica, com foco em energia renovável em termelétrica e eólica, atuando desde o estudo de viabilidade até a plena operação, incluindo os estudos de sistemas e planejamento energético industrial.(Em análise pelo CADE)
Primeiro Semestre de 2017
Evolução de Resultados Consolidados
Reversão de tendência
A queda de 7,1% registrada pela receita consolidada no primeiro semestre de 2017, na comparação com o mesmo período de 2016, representa aceleração no declínio verificado em 2016.
Em contrapartida, as vendas do segundo trimestre do ano cederam somente 2,3%. Mais animador, o lucro do segundo trimestre, pela primeira vez em 5 trimestres, apresentou crescimento, tanto na comparação de 12 meses (+6,7%) quanto na comparação com o primeiro trimestre (+5,6%). São sinais de reversão da tendência.
Na comparação semestral, como pode ser observada na tabela, a redução de custos superou a retração da receita - um feito impressionante. Em consequência a empresa conseguiu limitar a queda no lucro líquido no período a somente 2,5%.
A contribuição da receita externa se manteve inalterada em 57% do total.
"Normalização" e "recuperação"
Tomamos os comentários da administração ao pé da letra:
"No segundo trimestre de 2017 continuamos observando sinais de normalização no setor industrial brasileiro, permanecendo a tendência de recuperação gradual após uma recessão prolongada. No resto do mundo já aparecem sinais de recuperação em diversos dos nossos principais mercados.
Nosso foco segue sendo a preservação de competitividade de longo prazo, realizando ajustes operacionais em nossa capacidade produtiva. Os resultados nos animam e nos dão confiança de que, em conjunto com os investimentos em novos negócios e mercados, estaremos prontos para aproveitar as oportunidades de crescimento quando começarem a aparecer."
Aquisições em Colombia e EUA
Houve duas operações de aquisição no semestre. Em março a WEG Colômbia adquiriu os 49% remanescentes da FTC Energy Group, e em junho foi anunciado a aquisição da CG Power USA Inc nos EUA. A empresa é especializada na fabricação e montagem de transformadores.
Análise de Múltiplos
Alerta de sempre
Como sempre, alertamos que a Tabela de Dados é sujeita a todo tipo de distorção, com destaque para os efeitos da inflação, variações cambiais e alterações no regime contábil. Aqui estamos mais interessados em tendências e ordens de grandeza do que números precisos. Para facilitar a comparação com o período anterior, usamos "dólares ajustados" (explicados em nota abaixo da Tabela) para os anos a partir de 1999, fortemente impactados pela desvalorização.
Não se deve atribuir importância excessiva à previsão de lucro para 2017, feita parcialmente por computador.
Tabela de Análise
Recompensa tem limites
A Tabela de Análise permite tirar três conclusões:
1. Contrariando a fama do setor de bens de capital, a Weg tem apresentado ciclicidade baixa. O retorno sobre patrimônio atual (18,5%) , no atual fundo da recessão brasileira, não difere muito da média dos últimos 12 anos (20,6%). Em consequência o P/L ajustado, que emprega o retorno médio em lugar do retorno atual para suavizar efeitos cíclicos, se assemelha ao P/L nominal.
2. A comparação com o mercado mostra como desempenho sustentado de quase o dobro da média é recompensado por indicadores de investimento premiados de ordem de grandeza semelhante.
3. Mas a recompensa tem limites: apesar do retorno levemente abaixo de sua média passada os indicadores de investimento da Weg, em comparação com suas médias passadas, embutem prêmios de mais de 10%. São sinais que a ação da empresa se aproxima da plena valorização.
Cálculo do Valor Intrínseco
Potencial de alta limitado
Ao estimar o preço intrínseco da Weg partimos do lucro efetivo de 2016. Mantemos as premissas de payout e taxa de desconto do Check-Up de 13/05/16. Quanto ao crescimento do lucro dos próximos 10 anos supôe-se que a recuperação da economia brasileira permitirá dobrar a expansão média da última década, de 3,1% aa. Não é excessivamente ousada se levarmos em conta que a taxa de crescimento das últimas duas décadas excede a cifra de 10% aa.
Empregando a técnica de Fluxo de Caixa Descontado - Modelo Dividendo, e o site MoneyChimp, obtemos um preço intrínseco na faixa de R$ 21,08 (coluna A da tabela abaixo). A pequena margem de segurança de 10% em relação ao preço de mercado da Weg sugere, mais uma vez, que o papel da empresa possui potencial de alta limitado.
Como a taxa perpétua de 4,0% aa pode parecer alta estimamos, na coluna B o efeito sobre o preço intrínseco de reduzir esta taxa para 3,5%.
Tabela de Premissas e Resultados
Discussão
Vento de popa
Vale revisitar a previsão de crescimento da Weg daqui para frente. A mesma toma como ponto de partida o desempenho passado. A desaceleração observada, ao comparar a taxa média de expansão de lucro de 20 anos de mais de 10% com a taxa de pouco mais de 3% nos últimos 10 anos, sugere uma mudança estrutural no potencial da empresa.
Não entendemos a situação dessa maneira. Vimos o desempenho da última década, um período de grande desafio para a indústria cíclica de bens de capital, como prova da resiliência da empresa. Afinal nesse período a receita ainda crescia a 6% aa. Se a Weg conseguir uma performance dessa qualidade em condições adversas imagine com vento de popa!
Instrumentos cegos
As análises coincidem em suas conclusões que a ação da Weg esteja próxima da plena valorização. Por outro lado, dado aos instrumentos cegos empregados nas estimativas, e a impossibilidade de prever o que nos aguarda no futuro, sabemos que não há possibilidade de conclusões definitivas.
Se temos em mãos uma empresa de comprovada qualidade é razoável não nos desfazermos da ação a toque de caixa. Além da imprecisão de nossos cálculos estamos, aparentemente, na ante sala de uma recuperação da economia brasileira e o papel ainda oferece um retorno parecido com o mercado de renda fixa de longo prazo.
No fim só vemos justificação em se desfazer de ações da Weg em três situações: onde fundos são limitados é há opção de investimento mais atraente; onde o papel esteja claramente sobrevalorizado; ou onde o componente de ações da empresa no portfólio seja considerado excessivo do ponto da vista da diversificação.
Conclusões e Recomendação
A Weg é fecunda, apresentando expansão média de receita e lucro de mais de 10% aa, em termos reais, durante mais de duas décadas.
É lucrativa, contabilizando retorno sobre patrimônio médio de mais de 22% e margem líquido de quase 14% no mesmo período.
É resiliente. Houve desaceleração do crescimento na última década. Mas, mesmo assolada pela crise financeira ocidental e a recessão brasileira, esta representante da cíclica indústria de bens de capital conseguiu manter seu retorno sobre patrimônio médio em mais de 20%.
E a Weg é bastante líquida, com o índice dívida líquida/patrimônio líquido médio dos últimos 11 anos próximo de zero.
Finalmente a empresa é remunerativa, destinando por volta de 50% de seus lucros aos acionistas.
Com tudo isso, e um futuro onde energia elétrica será cada vez mais importante, não surpreende que tanto a análise de múltiplos quanto a estimativa do preço intrínseco indicam que as ações da empresa se aproximam da plena valorização.
Vender? Ainda não.
Nota Importante: De acordo com nossa política de transparência, informamos que o responsável por Ação&Reação detém uma posição significativa da Weg.
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