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Natura: o samba não parou!
Código: NATU3
Último Resultado: 4o Trimestre de 2010
Em termos reais, a receita da Natura cresceu à taxa de 15,5% ao longo dos últimos 10 anos e o lucro líquido, ignorando dados atípicos, a 8,5% ao longo de 7 anos.
Adotando premissas conservadoras estimamos um preço justo de R$ 77,33. Como a vantagem, com relação ao preço de mercado, é de cerca de 80%, mantemos a recomendação da compra do papel da empresa com horizonte de médio a longo prazo (1-5 anos).
Apesar do alto payout de dividendos a posição financeira é de absoluta tranquilidade.
Introdução
Samba da técnica imperfeita
Em análise de um ano atrás (19/03/10), com a ação da Natura então exibindo um preço de mercado de R$ 35,17, estimamos, usando premissas "extremamente conservadoras", margem de segurança de 88%. De lá para cá o papel gerou um retorno, juntando valorização e dividendos, de cerca de 25% em termos nominais.
No mesmo estudo descrevemos como um "samba do criolo doido" a situação produzida por nossa técnica imperfeita onde seguidas valorizações no preço da ação da empresa mal alteravam a grande margem de segurança (preço intrínseco/preço de mercado). Será que agora esse samba parou?
Tabela de Dados
Últimos Resultados
Ano de 2010
Embora vendas tenham subido 21,1% ...
Subindo 21,1% com relação ao ano anterior, em termos nominais, não houve nenhuma desaceleração na forte expansão das vendas consolidadas da Natura em 2010. A empresa até conseguiu segurar um pouco o custo de bens, as despesas operacionais e o resultado financeiro, que cresceram, respectivamente, 20,2%, 18,7% e 18,8%.
... lucro líquido avança somente 8,8%
Mas não adiantou. O desfile de bons números não foi suficiente para vencer o obstáculo no departamento do imposto de renda. Enquanto o resultado antes dos tributos subiu 27,9% o lucro líquido cresceu somente 8,8%. A Natura explica:
"Em 2009, observamos uma taxa efetiva de IR/CSLL inferior por conta da aceleração da amortização fiscal do ágio no período, benefício fiscal que se encerrou no ano passado. Neste ano, a taxa efetiva foi de 33,5%."
Análise de Múltiplos
Alerta de sempre
Como sempre, alertamos que a Tabela de Dados é sujeita a todo tipo de distorção, com destaque para os efeitos da inflação e das variações cambiais. Aqui estamos mais interessados em tendências e ordens de grandeza do que números precisos. Para facilitar a comparação com o período anterior, usamos "dólares ajustados" (explicados em nota abaixo da Tabela) para os anos a partir de 1999, fortemente impactados pela desvalorização.
Não se deve atribuir importância excessiva à previsão de lucro para 2011, feita parcialmente por computador.
Tarefa impossível
A atipicidade dos indicadores de mercado da Natura já dificulta comparações com dados passados e indicadores de outras empresas. Ao acrescentar as mudanças provocadas pela introdução das regras contábeis dos IFRS a tarefa torna-se praticamente impossível.
Baixa dívida, alto payout
Os indicadores financeiros estão absolutamente tranquilos, com destaque para o indicador dívida líquida/patrimônio líquido de 10%, 5 pontos percentuais abaixo de 2009. Impressiona a combinação do baixo nível do indicador com o payout de dividendos excepcionalmente generoso (ver seção seguinte).
Cálculo do Valor Intrínseco
Maior alíquota um efeito recorrente
Adotamos como lucro base, ao estimar o preço intrínseco do papel da Natura pelo método de Fluxo de Caixa Descontado - Dividendo, o lucro efetivo "individual" de R$ 744MM de 2010. Não observamos efeitos extraordinários na Demonstração do Resultado do ano, entendendo que a forte majoração da alíquota do imposto de renda, comentada acima, será um efeito recorrente daqui para frente.
Crescimento inalterado
Estimamos que a receita cresceu cerca de 15,5% aa ao longo dos últimos 10 anos em termos reais e, excluíndo dados atípicos, que o lucro líquido expandiu por volta de 8,5%* aa ao longo de 7 anos. Esta última taxa é comprimida tanto pela introdução dos IFRS a partir de 2008 quanto pelo impacto do fim do benefício fiscal em 2010.
(* Consideramos que deixa a desejar a metodologia que gerou uma taxa de 12,5% aa na análise anterior.)
O número de unidades físicas produzidas pela Natura tem crescido a cerca de 16% aa. Como a empresa tem divulgado, em seus relatórios anuais, dados diferentes para o mesmo ano não temos confiança total nessa taxa.
Baseado nas diversas cifras de expansão passada, e as perspectivas que o favorável contexto operacional será mantido no futuro, resolvemos preservar a premissa de 7% aa, para o período de crescimento rápido de 10 anos, adotada na última análise.
Mantemos também a taxa de crescimento perpétuo de 5% aa. Pode parecer alta mas justificamos a escolha por se tratar de uma empresa de crescimento consistente e sustentado onde todo ano o período de crescimento rápido avança sobre o período de crescimento perpétuo. A taxa de desconto de 7,1%, usada nos últimos meses, é também mantida.
Payout maior
O payout médio de dividendos dos últimos 6 anos é 87%. Adotamos a porcentagem mais baixa do período: 75%, 5 pontos percentuais acima da premissa da análise anterior.
Margem de segurança de 80%
Ao inserir as premissas no programa do site MoneyChimp verificamos que o samba não parou não. O preço intrínseco gerado é de R$ 77,33 por ação (coluna A da tabela abaixo). Após um retorno de cerca de 25% ao longo do último ano ainda verificamos uma margem de segurança de 80%!
Adotamos o conjunto de premissas acima como nosso cenário preferido. Mesmo assim é revelador observar o impacto de variações na taxa de crescimento perpétuo. Se reduzirmos a taxa para 4,5% aa (coluna B) o preço intrínseco cai para R$ 64,70 e a margem de segurança para 51%. E com 4,0% aa (coluna C) temos preço intrínseco de R$ 56.14 e margem de 31%.
Tabela de Premissas e Resultados
Conclusões e Recomendação
A receita da Natura cresceu à taxa impressionante de 15,5% aa, em termos reais, ao longo dos últimos 10 anos. Embora a estimada expansão do lucro líquido ao longo de 7 anos seja 8,5% aa, esta taxa é comprimida pela introdução dos IFRS a partir de 2008 e o fim do benefício fiscal em 2010.
Adotando premissas relativamente conservadoras estimamos um preço intrínseco de R$ 77,33. Como a associada margem de segurança é de cerca de 80%, mantemos a recomendação da compra do papel da Natura com horizonte de médio a longo prazo (1-5 anos).
Apesar do alto payout de dividendos a posição financeira é de absoluta tranquilidade.
Nota Importante: De acordo com nossa política de transparência, informamos que o responsável por Ação&Reação administra uma carteira que detém uma posição importante da Natura.
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