FLASH DA EMPRESA
Gerdau Met: Não dá pra não ter
Data: 02/02/01
Preço do PN por 1000 ações: R$34,30 Número de ações: 20.792.2 MM
Setor: Siderurgia Não Plana Produtos/Serviços Principais: Vergalhões, arames, telas e pregos para construção civil; fio máquina, barras, perfis e arames para as indústrias de bens de consumo.

Há uma ameaça de queda de rentabilidade no médio prazo, advinda da conjugação de uma alta dívida com a desaceleração da economia americana. Para investidores de longo prazo, no entanto, o baixo preço da ação e a perspectiva da continuação da forte expansão de lucro observada no passado, tanto minimiza o risco, quanto oferece a chance de obter ganhos excepcionais ao longo dos próximos anos.

                                                
Ano                  1993  1994  1995  1996  1997  1998  1999  2000 2001P
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Receita Liq. US$MM   1020  1712  1813  1797  1769  1800  1839  3637     -
Lucro Liquido US$MM    11    50    32    44    83   101   115   153   179
Pat. Liquido US$MM    232   390   445   437   713   733   554   811   836
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Lucro/Pat. Liq. %     4.7  12.8   7.2  10.1  11.7  13.8  20.7  18.8  22.0
Preco/Lucro x         9.7   4.4   2.6   2.4   3.9   1.7   4.3   3.3   2.9
Preco/Pat.Liq. %     47.0  56.0  17.0  24.0  45.0  23.5  89.1  61.9  62.0
Yield (Divi/Preco) %                                                  8.7
Payout (Div/Lucro) %                                                 25.0
Liquidez Corrente x     -     -     -     -    2.4   2.0   1.2   1.2    -
Div.Liq./Pat.Liq. %     -     -     -     -     62    80   104   101    -
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P - Projetado         Retorno/Patrimônio Liq baseado no ultimo PL disponível do ano (e não do
inicio  do ano); Preço/Lucro baseado no fim do ano para períodos encerrados e no preço atual
para períodos não encerrados; dados até  31/12/98  convertidos  em  US$ pelo câmbio do fim do
ano em questão, dados a partir de 31/12/98 convertidas pelo câmbio do 31/12/98 (US$1=R$1,21),
após reajustamento pela inflação. Somente os receitas se referem aos balanços consolidados.

Vida dura do grande investidor

É dura a vida dos grandes investidores. O preço/lucro da companhia siderúrgica Gerdau SA fechou a semana passada 70% acima do indicador da sua controladora Metalúrgica Gerdau (Gerdau Met), enquanto seu preço/patrimônio líquido apresentou um prêmio de 55%. Mesmo assim sentiram a obrigação de comprar a ação mais cara. Por que? Porque possui quase três vezes a liqüidez de negociação da empresa-mãe.

Gêmeas

Você pode imaginar que a diferença entre os indicadores se explica em parte pelo fato que as duas empresas administram negócios diferentes, mas não é o caso: praticamente 100% do patrimônio da Gerdau Met é investido em Gerdau SA.

Desejo de apanhar

E como são masoquistas os pequenos investidores de médio e longo prazo. Embora a liqüidez da controladora seja mais do que adequada para suas necessidades (por volta de 85 transações por dia nas últimas semanas), eles também tendem a preferir o papel mais caro. (Os especuladores de curto prazo têm certa razão em privilegiar a Gerdau SA, o papel de maior volatilidade.)

Façanha

Os últimos 10 anos de Gerdau Met contam uma história impressionante. A produção de aço bruto e receitas consolidadas subiram 15% p.a. e o lucro da controladora 38% p.a. (considerando as médias de três anos nas duas pontas). Embora não possamos concluir que os acionistas originais tenham tido um retorno desta magnitude, não deixa de ser uma façanha surpreendente.

Cadê o prêmio?

Mas, a despeito deste forte desempenho, as médias do preço/lucro e do preço/patrimônio líquido do período só alcançam 4x e 45%, respectivamente. Por que o mercado não premia a empresa com indicadores melhores? Mais um dos mistérios do Grupo Gerdau.

Herança familiar

Que grupo é este? É um grupo familiar que teve seu início em 1901, com a compra de uma fábrica de pregos em Porto Alegra pela família Gerdau. Hoje é o Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Conselho Administrativo e diretor presidente, tanto da Gerdau Met quanto da Gerdau SA, que cuida da herança multinacional.

(Com boa divulgação de informações, o grupo tem procurado escapar da insularidade familiar. No entanto, um toque provinciano ainda resta: a dificuldade em obter uma boa tradução em inglês para suas comunicações sociais.)

Terceira siderúrgica do Brasil

Gerdau Met, uma empresa de participações não operacional, possui 83% do capital votante da Gerdau SA, e 48% do capital total. Por sua vez, Gerdau SA opera 9 usinas de aço no Brasil, além de participar de Açominas, e controla 9 usinas no Uruguai, Chile, Canada, Argentina e Estados Unidos, operadas por subsidiárias.

Produzindo 7,2MMt de aço bruto em 2000, Gerdau é o terceiro mais importante grupo siderúrgico do Brasil. É o líder do segmento de laminados longos com uma participação de 46%. Seu principal concorrente no mercado doméstico é a Belgo Mineira. Do total volume vendido pelo grupo em 2000, 64% foi para clientes no Brasil.

Construção civil e bens de consumo

Com sua demanda por vergalhões, arames, telas e pregos, o setor da construção civil compra mais da metade da produção do grupo. Fio máquina, barras, perfis e arames vão para as indústrias de bens de consumo (automóveis, máquinas e implementos agrícolas e aparelhos para uso doméstico e comercial), o segundo segmento mais importante. E pregos, arames e correntes vão para a agropecuária, que absorve somente por volta de 3% do total.

Estratégia regionalista

Parece que parte do sucesso de Gerdau se deve a sua estratégia operacional. Embora também produza aço em altos fornos a partir de minério de ferro, grande parte da capacidade do grupo é baseada em mini-usinas que empregam lingotamento contínuo e fornos elétricos alimentados por sucata e ferro gusa.

Se encaixa perfeitamente na estratégia de investir em "companhias de porte médio situadas no coração das regiões econômicas capazes de fornecer matérias-primas originárias das áreas nas quais os produtos finais são vendidos". Entre outras vantagens a estratégia minimiza o custo de transporte e estreita o relacionamento com clientes.

Indicadores atraentes

Com uma visão mais clara da empresa e suas operações é hora de avaliar a atratividade que Gerdau Met oferece como investimento. Olhando a Tabela de Dados verificamos que o preço/lucro atual está quase 30% abaixo da média do fim do ano dos últimos 8 anos, muito positivo.

Por outro lado, o preço/patrimônio líquido está 40% acima de sua média. Parece negativo mas, considerando que o retorno sobre o patrimônio líquido é quase o dobro da média histórica, é mais do que razoável. A máxima histórica do preço/patrimônio é de 99%. Conclusão: se o grupo mantiver sua rentabilidade recente, sua ação está atualmente num nível atraente.

Futura rentabilidade

Vai manter a rentabilidade? Há duas considerações negativas: desconhecemos as razões da aceleração em rentabilidade a partir de 1998 (que, dependendo de sua natureza, poderia perder sua força); e o ritmo de expansão corre o risco de ser impactado pelos efeitos de uma forte retração da economia americana - já que 36% das vendas estão destinadas ao mercado internacional.

Mas há aspectos positivos: a evidência de rentabilidade boa e consistente ao longo de 10 anos; a recuperação da economia brasileira; e a estratégia do grupo de se consolidar após um surto de expansão.

Este último fator é importantíssmo. Temos a palavra de Gerdau: "a estratégia de médio prazo é a de consolidar as aquisições existentes e reduzir despesas financeiras"; e "o objetivo é primeiramente o de aumentar a eficiência e lucratividade de operações existentes e limitar alocação de capital para a aquisição somente das mais importantes oportunidades".

Há boa chance de manter a rentabilidade, sim, mas os riscos de problemas não podem ser ignorados.

Raciocinando por baixo

Seguindo nossa tática normal ao encontrar uma situação de indefinição, vamos raciocinar por baixo. Diferente da Tabela, onde usamos dólares para analisar a histórica da empressa, aqui, para sermos mais claros, trabalharemos em reais.

Para avaliar a empresa utilizamos, como nosso lucro base, a média dos últimos 3 anos: R$182MM. Vamos supor que lucro e dividendos cresçam à taxa de 10% p.a. ao longo dos próximos 10 anos - bem abaixo até da taxa histórica de crescimento de vendas. E vamos considerar que a taxa de crescimento caia para 5% do décimo primeiro ano até o fim dos tempos.

É bom demais

Adotando um payout de 25% chegamos a um valor para a Gerdau Met de R$1.592MM. Quer dizer: com um conjunto de critérios muito conservador obtemos um valor justo, ou intrínseco, que é mais que o dobro do valor de mercado atual da empresa, de R$713MM. É bom demais. Onde estão as contra-indicações?

Contra-indicações

Já mencionamos a ameaça de uma recessão americana. Há também o risco apresentado pela dívida - um perigo potencializado pelo risco de retracão econômica. A Tabela mostra que a dívida líqüida subiu fortemente em 1998 e 1999. Boa parte dos novos empréstimos foi utilizada para financiar o investimento de US$703MM em expansão, melhorias e aquisições (incluindo o controle de Ameristeel e um aumento da participação em Açominas) em 1999.

Atualmente a razão dívida líqüida/patrimônio líquido é de 101%, alta no contexto brasileiro. A liqüidez corrente, a 1.2, é aceitável, mas bem abaixo do nível de 1997.

Há riscos reais - dois terços da dívida total estão atrelados ao dólar americano, por exemplo. Por outro lado, o grupo é uma forte gerador de caixa. O lucro antes dos impostos e despesas financeiras em 2000 cobriu as despesas financeiras líquidas consolidadas mais de duas vezes, o que parece razoável. Já vimos que a redução destas despesas é uma das prioridades da administração.

Risco e recompensa

Podemos fechar nossa análise. Uma margem de segurança de mais de 100% cobre muitos riscos, imprevistos e erros de avaliação. Como vimos, dado a caraterística cíclica do setor, o risco principal enfrentado por um investidor em Gerdau Met é de uma forte queda de lucros em função de uma recessão mundial provocada por um possível pouso forçado da economia americana.

Enquanto alguma redução no nível de lucro é bem possível, consideramos baixo o risco de uma queda séria. A dependência da economia brasileiro, o mercado principal de Gerdau, da economia mundial é relativamente reduzida (o financiamento do déficit na conta corrente é outra historia), e temos a evidência de uma década que o grupo consegue navegar em águas revoltas sem maiores problemas.

Ótimo investimento de longo prazo

No podemos fugir das implicações de nosso estudo. Pelas regras que definimos - boa e consistente folha corrida e grande margem de segurança, a Gerdau Metalúrgica, a seu preço atual, é um ótimo investimento de longo prazo. Só tropeça - mas não cai - no quesito de posição financeira. Estamos conscientes que nossa conclusão contradiz comentários recentes nossos, baseados em dados parciais.

Dividendos + crescimento = alto retorno

Quais são as perspectivas de ganho? Como outras boas empresas que não combinam com o gosto do mercado, não há nenhuma garantia que o desconto identificado será eliminado. Nunca se sabe, mas é melhor restringir nossas expectativas a um alto yield de dividendos e a manutenção do nível do indicador preço/lucro, com o aumento em preço acompanhando o aumento em lucro. Assim, com um yield de quase 9% e lucro crescendo a 10-15% p.a. podemos esperar um retorno anual de por volta de 20%. Se você, como nós, é investidor de longo prazo, não dá para não ter Gerdau Met em sua carteira.

Últimas notícias: Gerdau: Impacto do Racionamento de Energia
O impacto potencial que o racionamento de energia elétrica poderá provocar sobre a produção do grupo siderúrgico Gerdau foi estimado hoje em uma queda de 200 a 300 mil toneladas de aço líquido no ano. A informação foi transmitida pelo presidente do grupo, Jorge Gerdau Johannpeter, durante entrevista realizada na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul.

O grupo siderúrgico Gerdau informou hoje que o racionamento de energia elétrica nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste não irá provocar demissões em suas empresas. "Nós não vamos desempregar", declarou o presidente do grupo, Jorge Gerdau Johannpeter, durante entrevista concedida em Porto Alegre (RS).

O grupo siderúrgico Gerdau estimou que poderá haver um pequeno aumento em seu custo de produção em decorrência do transporte de aço que deverá ser incrementado entre suas unidades para enfrentar o racionamento de energia elétrica. O presidente da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, disse hoje que este custo adicional de transporte deverá ficar em US$ 10 por tonelada de aço. Johannpeter destacou que este possível aumento é "plenamente absorvível".

O grupo já havia informado que pretende redistribuir a produção entre suas unidades, deslocando de regiões não afetadas pelo racionamento para aquelas que serão obrigadas a restringir o consumo de energia. A Cosigua, que opera no Rio de Janeiro, deverá paralisar temporariamente um de seus dois fornos e irá buscar aço para ser laminado em outras siderúrgicas do grupo.

A Gerdau também havia divulgado que as medidas não deverão interferir em seu faturamento. O grupo espera manter em 2001 o faturamento no mesmo patamar de 2000, quando atingiu R$ 6,2 bilhões. O racionamento não irá afetar o cronograma de ampliação da capacidade da aciaria da Açominas, informou Johannpeter, em entrevista concedida na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) para marcar as comemorações do centenário do grupo. A capacidade da aciaria deverá passar de 2,7 para 3,0 milhões de toneladas por ano. A conclusão do investimento está prevista para julho de 2001.

O grupo estuda a possibilidade de continuar investindo no setor de energia, afirmou o empresário. "Não temos decisões", ressaltou. "A tendência em energia é dar passos pequenos com associados", acrescentou. A Gerdau participa com 22% da Usina Hidrelétrica Dona Francisca, na região central do Rio Grande do Sul, que foi inaugurada no dia 21 de maio. A usina tem capacidade instalada de 125 megawatts e a participação do grupo é suficiente para atender a dois terços da demanda da siderúrgica Riograndense, exemplificou o empresário.

O grupo anunciou hoje a distribuição de 30 mil ações preferenciais da Gerdau S/A para cada um de seus 8,5 mil funcionários no Brasil - à exceção dos empregados na Açominas, que não é controlada pela Gerdau. A operação representa um valor total de R$ 4,3 milhões e envolve um volume de ações que corresponde a 2,2% do capital social da empresa. Foi utilizada a cotação de R$ 16,67 por lote de mil, um pouco abaixo do valor de mercado à época em que a medida foi decidida pelo conselho de administração, em março. As ações poderão ser negociadas a partir de maio de 2002. Cada funcionário poderá optar, ainda, por adquirir outras 30 mil ações pelo mesmo valor deste primeiro lote, financiado em dez parcelas fixas de R$ 50,00. Os papéis da companhia estavam cotados ontem a R$ 16,00.

O grupo ocupa o 24o lugar entre as maiores siderúrgicas do mundo, em volume de produção, com 7,1 milhões de toneladas de aço ao ano, tem 8,5 mil funcionários no Brasil e 3,5 mil no exterior. Controla 18 usinas siderúrgicas, sendo nove no País.

Além de relembrar a história, a Gerdau falou de seus novos projetos, como a implantação de uma usina em São Paulo, que será feita em duas etapas – a primeira até 2003 e a segunda, a partir de 2004.

Na Açominas, onde a Gerdau possui uma participação de 36%, será instalado um novo laminador de perfis estruturais, que deverá estar pronto em janeiro de 2002. O produto tem uma demanda relativamente baixa no Brasil, comentou Johannpeter, e a produção da unidade será feita de forma "cuidadosa". A aciaria terá capacidade para 440 mil toneladas por ano, mas deverá atingir 100 a 150 mil toneladas no primeiro ano e "acompanhar o mercado".

O uso dos perfis estruturais na construção civil não segue uma lógica universal, segundo Johannpeter, e depende da cultura dos empreendedores. Sobre o fato de o produto poder tornar-se um concorrente dos vergalhões fabricados pelo grupo, Johannpeter afirmou que esta produção "vai entrar no mercado e vamos participar deste crescimento". O empresário acrescentou que "é importante oferecer ao mercado este produto". (Porto Alegre, 31/5/01). Fonte: Fórum de Projeção

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