Defesa com crescimento; retorno relativo modesto.
Defesa em ação
Pouco na nova Seleção Defensiva de Graham indica que o mercado tenha caido mais que 25% desde a última atualização deste estudo, cinco meses atrás.
Alguém que investiu nos 8 papéis que fizeram parte da Seleção Final anterior teria sofrido uma perda de menos de 9% (incluindo dividendos pagos) no mesmo período.
Velhas companheiras
Há pouca alteração também no conteúdo da Seleção. As mesmas 15 empresas aparecem na Seleção Preliminar.
E apesar da entrada de três novas empresas na Seleção Final, somente a volta do Bradesco, resultante de uma queda de preço de 13% desde a última atualização, representa uma mudança importante.
Weg, também de volta à Seleção, está no limite das condições estabelecidas para os indicadores de mercado. A Eletrobrás só entrou por causa de uma pequena modificação de cálculo que aumentou seu crescimento anual de lucro.
Sid Nacional dá aula
Caindo 46% nos cinco meses, o papel que apresentou o pior desempenho da Seleção foi a Sid Nacional. É significativo porque testemunha dois grandes riscos enfrentados por investidores: o risco de endividamento e o risco das commodities.
Lembramos que, ao admitirmos a empresa na Seleção, esticamos nosso critério de dívida líqüida/patrimônio líqüido. Quanto às commodities, o problema da grande volatilidade que estes mercados apresentam já foi amplamente comentado aqui.
Recapitulação
Antes de examinarmos a nova Seleção vamos repetir a descrição de sua finalidade e do processo de elaboração.
"A Seleção Defensiva de Graham é uma seleção das ações consideradas apropriadas para inclusão em uma carteira defensiva. A lista é resultado da filtragem de nossa base de dados de 150 empresas empregando critérios sugeridos por Benjamin Graham, "decano" de Value Investing", em seu livro O Investidor Inteligente.
Para abrir o leque de escolha, e mostrar o processo em operação, apresentamos duas seleções:
A Seleção Final admite somente as empresas preenchendo todas as condições.
A Seleção Preliminar engloba todas as empresas de nossa base de dados que mostraram lucro contínuo e crescente ao longo dos últimos 8 anos - a condição mais rigorosa. (Há empresas, como Gerdau S.A., que não foram incluídas porque os dados que temos abrangem somente 7 anos ou menos.)
Não devemos nos impressionar com uma alta taxa de crescimento do lucro: pode ser simplesmente resultado de baixo lucro no início dos anos considerados (o caso de Sid Nacional)."
Apresentamos abaixo as duas Seleções:
"Retorno superior das ações
Em termos gerais, os critérios são: liderança setorial; boa posição financeira; longa folha corrida de lucros e pagamento de dividendos; crescimento histórico de lucros; e ação relativamente barata. (O detalhamento destes critérios aparece no fim do artigo.)
A proposta de Graham é que uma carteira diversificada de ações apresentando estas caraterísticas, compradas a preços médios futuros*, gerará para o pequeno investidor, com baixo risco, os retornos superiores oferecidos, historicamente, por ações sobre a renda fixa.
(*Para obter "preços médios futuros" é necessário investir, ao longo de pelo menos 5 anos, valores iguais a intervalos regulares - de um, três, seis ou 12 meses.)
Superior estabilidade da renda fixa
Aqui é essencial observar que, no conceito do Graham, dos fundos totais disponíveis para investimento, somente uma parcela de 25-75% deve ser aplicada na carteira de ações: o saldo de 75-25% obrigatóriamente deve ser depositado em renda fixa "de boa qualidade" (idealmente garantida pelo governo). Entre outras coisas, o componente da renda fixa é um seguro contra os imprevistos inevitáveis."
Qualidade superior
Com o reforço de três novas empresas, e exibindo um preço médio mais baixo, a nova Seleção Final é melhor que a anterior. Mas ainda não é a ideal. Para montar uma carteira razoavelmente diversificada seria necessário incluir praticamente todas as empresas da lista. Quer dizer: não há escolha.
Aqui lembramos, mas uma vez, que a baixa representação de empresas de energia e comunicações é conseqüência da interrupção do registro histórico dos dois setores pela onda de reestruturação e privatização a partir de 1998. Somente a Telesp apresenta razoável continuidade, tanto de estrutura quanto de rentablidade.
Vulnerabilidade financeira?
De novo, para assegurar um número razoável de empresas, flexibilizamos as regras, admitindo na Seleção Final quatro firmas que não preencheram os critérios financeiros.
No fim do ano passado, Embraco, Gerdau Met e Sid Nacional apresentaram uma dívida líqüida acima da limite definida, e Telesp, um índice de liqüidez corrente abaixo do exigido.
Deixamos as primeiras três na lista porque o indicador da Sid Nacional está próximo do limite estabelecido, a dívida da Embraco é garantida pela controladora Whirlpool, e esperamos que a situação da Gerdau Met - resultado da acquisição da Ameristeel - seja transitória.
Amenizando os efeitos da desvalorização, as exportações das três empresas e a importante presença internacional das últimas duas são outras razões que argumentam a favor da flexibilização.
Mantemos Telesp porque sua dívida líqüida está baixa e a empresa possui a cobertura do forte grupo Telefônica. Imaginamos que a situação seja temporária, sendo gerada por esforços de antecipar metas.
Defesa com crescimento ...
Nossa avaliação da nova Seleção é que os critérios adotados produziram um conjunto de empresas sólidas que sem dúvida servem para montar uma carteira defensiva de ações.
Apesar de uma concentração de bancos, há boa diversificação setorial. Melhor ainda, embora o objetivo seja defensivo, observamos que mais da metade das empresas identificadas apresentam perspectivas de crescimento muito acima da média no longo prazo.
... Mas retorno é relativo
E crescimento traduz-se em retorno. Só que retorno é relativo. O indicador "lucro/preço" (o inverso do preço/lucro), que combina dividendos e ganho de capital, dá uma idéia grosseira do potencial de uma ação no médio prazo.
O lucro/preço médio da Seleção Final, um "investimento de risco" é de 12,8% ao ano (1/7,8). Parece modesto comparado com o rendimento "seguro" da renda fixa oferecendo mais de 1% ao mês. Vamos tratar desta questão em outro artigo.
20/10/01
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- Companhias proeminentes em seus setores.
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