Procura-se: boas empresas com preços em conta.
Defesa goleia
Se você tivesse montado uma carteira igual a nossa Seleção Defensiva de Graham de 18/10/01, teria conseguido o dobro do retorno do "mercado" nos últimos 6 meses. Neste período o Índice Bovespa, que inclui dividendos, subiu 22%, enquanto a Seleção, sem os dividendos, saltou 39%. Se isso é defesa, imagine o ataque!
Novidades importantes
Com os balanços de 2001 já incorporados em nosso sistema Sanada, mais uma vez usamos o velho algoritmo, baseado nas idéias de Graham, para pesquisar nossa base de dados. Como é de esperar, a lista de empresas captadas não difere muito do resultado da operação anterior, mas há novidades importantes.
A pesquisa
Antes de apresentar estas novidades vamos repetir nossa descrição do processo de pesquisa:
"A Seleção Defensiva de Graham é uma seleção das ações consideradas apropriadas para inclusão em uma carteira defensiva. A lista é resultado da filtragem de nossa base de dados de 150 empresas empregando critérios sugeridos por Benjamin Graham, "decano" de Value Investing", em seu livro O Investidor Inteligente.
Para abrir o leque de escolha, e mostrar o processo em operação, apresentamos duas seleções:
A Seleção Final admite somente as empresas preenchendo todas - ou quase todas - as condições.
A Seleção Preliminar engloba praticamente todas as empresas de nossa base de dados que mostraram lucro contínuo e crescente ao longo dos últimos 8 anos - a condição mais rigorosa. (Há empresas que não foram incluídas porque os dados que temos abrangem somente 7 anos ou menos.)
Não devemos nos impressionar com uma alta taxa de crescimento do lucro: pode ser simplesmente resultado de baixo lucro no início dos anos considerados.
Retorno superior das ações
Em termos gerais, os critérios são: liderança setorial; boa posição financeira; longa folha
corrida de lucros e pagamento de dividendos; crescimento histórico de lucros; e ação
relativamente barata. (O detalhamento destes critérios aparece no fim do artigo.)
A proposta de Graham é que uma carteira diversificada de ações apresentando estas caraterísticas, compradas a preços médios futuros*, gerará para o pequeno investidor, com baixo risco, os retornos superiores oferecidos, historicamente, por ações sobre a renda fixa.
(*Para obter "preços médios futuros" é necessário investir, ao longo de pelo menos 5 anos, valores iguais a intervalos regulares - de um, três, seis ou 12 meses.)
Superior estabilidade da renda fixa
Aqui é essencial observar que, no conceito do Graham, dos fundos totais disponíveis para
investimento, somente uma parcela de 25-75% deve ser aplicada na carteira de ações: o saldo de 75-25% obrigatoriamente deve ser depositado em renda fixa "de boa qualidade" (idealmente garantida pelo governo). Entre outras coisas, o componente da renda fixa é um seguro contra os imprevistos inevitáveis."
Apresentamos abaixo as duas novas Seleções:
Agora vamos analisar as novidades:
Sai a Velha Guarda, que não cresce
Saíram da Seleção Preliminar a Duratex e a Eletrobrás. De acordo com nosso processo de cálculo, ambos apresentaram um leve "crescimento negativo" de lucro ao longo dos 8 anos considerados. Em compensação, a inclusão em nosso sistema de mais um ano de dados permitiram a entrada das empresas Copel, Gerdau SA, Guararapes e Perdigão.
Petrobras em campo, Bradesco entre os reservas
As mudanças na Seleção Final foram maiores. Perdemos Bradesco em função de seus altos múltiplos e Eletrobrás por seu já comentado "crescimento negativo". Fosfértil também sai: embora tenha apresentado crescimento positivo de lucro, a taxa é menor que a mínima de 4% a.a. estabelecido.
Quatro novas empresas entraram na Seleção Final: Petrobrás e três das empresas que entraram na Seleção Preliminar - Copel, Gerdau SA e Guararapes. É interessante encontrar Petrobras, uma das ações mais líqüidas da bolsa, na companhia da ilíqüida Guararapes.
Desconfiamos dos altíssimos retornos da Petrobras nos últimos dois anos (40% em 2000 e 35% em 2001), mas aprendemos (após expulsar Vale antes da maxi) respeitar as regras do jogo. Cumpriu os critérios, entrou. E falando da Vale, devemos mencionar que não entrou na Seleção Final por muito pouco.
Os penetras da Seleção
A Seleção Final, mais uma vez, apresenta alguns defeitos no quesito posição financeira. O indicador Dívida/Patrimônio Líqüido de Embraco e Gerdau Met, e o indicador de Liquidez Corrente de Copel e Telesp, ultrapassam os critérios estabelecidos.
Deixamos passar a Embraco porque seu indicador de solvência, além de estar próximo do critério, apresentou uma grande melhora em relação a 2000. No caso de Gerdau Met, acreditamos que a situação seja temporária, sendo resultado de aquisições recentes. Além do forte fluxo de caixa do grupo cobrir com folga suas despesas financeiras, o indicador de Gerdau Met também apresentou uma melhora significativa com relação ao ano anterior.
Vinda de um programa de pesados investimentos, imaginamos que a baixa liquidez de Telesp também seja temporária. O problema da estatal Copel, provavelmente, é seu financiamento do governo do Paraná. Como a empresa possui um bom indicador de solvência também deixamos passar.
Pouca diversificação, pouco retorno
Nossa conclusão é que a Seleção Final, se omitirmos Gerdau SA, e talvez Unibanco, oferece matéria prima para uma carteira bem diversificada em termos de setores. Infelizmente, uma carteira de somente 7 ou 8 empresas não oferece boa diversificação do risco de uma ou outra ação apresentar desempenho abaixo do previsto.
Outra contra indicação é a rentabilidade da Seleção. A média do P/L das 9 ações é de 8,4%, dando um lucro/preço médio de por volta de 11,9% a.a. (1/8,4), um pouco menor da Seleção anterior. Isso quer dizer que, no nível atual de juros, uma carteira baseada na Seleção mal compete com o rendimento da renda fixa.
No fim, só podemos lamentar, mais uma vez, as poucas ações de boas empresas à venda a um preço em conta. Aguardamos com ansiedade uma década "normal", quando crescimento sustentado não seja interrompido por períodos de alta inflação, juros "imorais" e violência cambial.
12/04/02
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- Companhias proeminentes em seus setores.
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