Recomendações A&R: É a verdade, Value Investing funciona!

I - Os Resultados

Momento da verdade

Sete meses após a última avaliação, pesquisamos, mais uma vez, o desempenho de nossas recomendações de compra de ações, enfocando agora os anos de 2002 e 2003. As recomendações em questão ou faziam parte das análises Raios-X e Check-Up publicadas abertamente no site, ou constavam de Análises Confidenciais vendidas a interessados.

Todas as análises foram orientadas por nossa interpretação dos conceitos de Value Investing, uma abordagem de análise fundamentalista desenvolvida por Benjamin Graham e Warren Buffet.

A presente pesquisa é a mais recente de uma série bianual efetuada ao longo dos últimos 5 anos. E 5 anos é exatamente o prazo que estabelecemos para avaliar a eficacia, ou não, das técnicas de Value Investing. É o momento da verdade!

Recomendações de 2002 tiveram retorno de 109% em 18 meses

As recomendações feitas em 2002 estão sendo analisadas pela segunda vez. Com a passagem de um prazo médio de dezoito meses desde a recomendação, verificamos que o retorno médio acumulado dos 9 papéis em questão é de 109%. Em outras palavras: se um investidor tivesse comprado valores iguais de cada empresa na data de sua recomendação, teria, em média, mais do que dobrado seu capital um ano e meio após a compra.

E se ele tivesse investido o capital dele na carteira teórica do Índice Bovespa, nas mesmas datas, teria um retorno médio de 87% - ou 22% a menos.

Anualizando o retorno apresentado por cada ação, e calculando a média, obtemos um retorno anual de 71%. Embora possa ser criticado, a anualização permite comparar, na mesma base, o desempenho em de períodos de duração diferente.

Embora menos expressivas, recomendações de 2003 geraram 157% em 9 meses

Em 2003, recomendamos somente três empresas. E duas das três, Gerdau Met e Itaúsa, também foram recomendadas em 2002. Incluímos as duas de novo porque foram reanalisadas e re-recomendadas. Não incluímos Fosfertil e Weg, que também foram reanalisadas em 2003, porque somente recomendamos a manutenção por acionistas existentes.

Devido ao pequeno número de recomendações, os resultados de 2003 não são muito expressivos. De qualquer maneira, registramos que o retorno médio foi de 157%, em um prazo médio de 8 meses, contra 79% do Ibovespa nos mesmos períodos.

Apresentamos nas Tabela 1 e 2 o detalhamento dos resultados da pesquisa das recomendações de 2002 e 2003:


Tabela 1: Recomendações de 2002

Empresa          Data    Preço   Preço  Divis  IBV   GANHO  GANHO GANHO
                RaioX    RaioX 29/01/04       RaioX   AÇÃO   IBV  ANUAL
-----------------------------------------------------------------------
GUARARAPES     11/04/02   4170    9700    520 13416   145%   67%  164% 
IPIRANGA DIS   06/05/02  25,00   19,00*  0,69 12430   -21%  -14%  -21% 
ITAÚSA         15/05/02   2130    3340    300 12204    70%   83%   34% 
BOMBRIL        03/06/02   7,00    7,09^     0 12659     1%  -24%    1% 
GERDAU MET     18/07/02  22600+  71500   7470 10812   249%  107%   84% 
COPEL          26/07/02   9,80   11,50      0  9217    17%  143%   11% 
WEG            25/09/02   2380    5300    184  9227   130%  143%   86% 
TCO            14/10/02   3,03    9,65  0,144  8450   223%  165%  141% 
FOSFERTIL      29/11/02  10,20   25,00   2,47 10508   169%  113%  130% 
---------------------------------------------------------------------- 
Ganho Médio da data da recomendação até 29/01/04      109%   87%     - 
---------------------------------------------------------------------- 
Ganho Médio das ações anualizado                         -    -    70% 


Tabela 2: Recomendações de 2003

Empresa          Data    Preço   Preço  Divis  IBV   GANHO  GANHO GANHO
                RaioX    RaioX 29/01/04       RaioX   AÇÃO   IBV  ANUAL
-----------------------------------------------------------------------
GERDAU MET    18/03/03   25400+  71500    700 11150   184%  100%  250% 
SADIA         07/05/03    1270    4380     71 12643   250%   77%  435% 
ITAÚSA        13/06/03    2420    3340        13982    38%   60%   62% 
---------------------------------------------------------------------- 
Ganho Médio da data da recomendação até 29/01/04      157%   79%     - 
---------------------------------------------------------------------- 
Ganho Médio das ações anualizado                         -    -   249% 

Ibovespa 29/01/04: 22386        RAIO-X/CHECK-UP/ANÁLISE CONFIDENCIAL

NOTAS:
* Recomendação cancelada em 04/12/02 a R$ 19,00
^ Recomendação cancelada em 25/07/02 a R$ 7,09  
+ Corrigido por bonificação e agupamento

Recomendações superaram Ibovespa em 60%

Se juntarmos os resultados das avaliações de 2002 e 2003 com os resultados das pesquisas das recomendações de 2000, 2001 e 1999, temos a posição mostrada na Tabela 3. Devido a sua expressividade reduzida, não incluímos os resultados da avaliação de 2003 nas médias.

Tabela 3: Resultados das Avaliações 1999-2002

     Ano       Ganho    Ganho      Ganho
     da        Médio    Índice   Anualizado
 Recomendação  Total    Mesmos      das
               Ações   Períodos    Ações
 ------------------------------------------
    2003       157%       79%      249% 

    2002       109%       87%       70%
    2001        91%      -31%       46%    
    2000        33%      -10%       34%
    1999       133%       68%       87%
 ------------------------------------------  
 Média 99-02    91%       31%       59% 

O ganho médio das ações recomendadas em cada ano tem sido consistentemente bom, ultrapassando o ganho médio do Índice nos mesmos períodos por boa margem. Se calcularmos as médias dos resultados dos anos 1999-2002, verificamos que o ganho médio das recomendações (91%) superou o ganho médio do Índice (31%) em 60%.

Se anualisarmos os ganhos de cada ação, para compará-los na mesma base, obtemos os resultados exibidos na última coluna: 59% ao ano. Cuidado com esse número! Ele não significa que um investidor que tenha seguido as recomendações em 1999 tenha obtido um retorno de 59% aa ao longo de 5 anos.

Como os prazos analisados são diferentes, e o mesmo desempenho é captado em dois anos seguidos em alguns casos, o resultado simplesmente dá uma idéia da eficácia das recomendações. Colocados em termos concretos, quatro investidores diferentes, seguindo as recomendações dos quatro anos diferentes, teriam obtido um retorno médio equivalente a 59% ao ano após um período de 18 meses.

II - Critérios e Comentários

Recomendações e cancelamentos

Quais são as premissas da pesquisa? Não consideramos recomendações feitas antes do início de 2002 porque já foram amplamente pesquisadas. Só incluímos empresas onde explicitamente empregamos as palavras "recomendamos a compra" na análise.

Onde cancelamos a recomendação, como nos casos de Ipiranga Dis e Bombril, só levantamos o desempenho da ação até a data do cancelamento. Nestes dois casos, recomendadas durante menos de um ano, supomos que o desempenho anualizado seja igual ao desempenho verificado até o cancelamento.

Timing prejudica?

Voltamos ao assunto que comentamos nas pesquisas anteriores. Uma coisa é fazer recomendações, outra é obter resultados na prática. O timing das compras e vendas pode reduzir, ou alavancar, o desempenho de recomendações pesquisadas em datas arbitrárias.

É este aspecto que assusta. O retorno nominal obtido por nossa carteira principal ao longo dos últimos quatro anos é de 34% aa. É um retorno bom mas muito longe da média de 59% aa obtidos por nossos quatro investidores acima.

E no ano passado, enquanto nossa Carteira Concentrada, baseada em uma carteira real, perdeu para o Índice, a maioria das recomendações que orientavam sua montagem ganhou do Índice! Em vez de alavancar nosso retorno, parece que nossos esforços de nos beneficiar do timing têm nos prejudicado!

Não é que o timing esteja totalmente ausente da análise das recomendações. O período compreendido pelas avaliações dificilmente ultrapassa 18 meses. Como não pesquisamos o assunto, não sabemos se esse prazo tem alguma importância especial.

Não seguir recomendação certamente prejudica

Outra prática também tem reduzido nosso retorno na prática: a compra de papéis mais ariscados. Um exemplo recente foi a compra de Forjas Taurus em meados 2003. Embora não recomendemos como investimento de longo prazo, resolvemos embarcar na ação, assumindo o risco regulamentário. O resultado foi zero retorno no ano!

III - As Conclusões

Não perca!

A despeito da pouca expressividade do resultado, é necessário aproveitar da avaliação das recomendacões de 2003 para tirar nossa conclusão principal.

Após pesquisar o desempenho de recomendações ao longo de 5 anos, temos fortes evidências da grande eficácia das técnicas de Value Investing. Além dos ótimos retornos obtidos, ano após ano, em um prazo médio de cerca de 18 meses, as recomendações anuais, em conjunto, sempre bateram a evolução do Índice Bovespa nos mesmos períodos. Nenhum ano de recomendações teve resultados negativos ao longo dos períodos pesquisados, cumprindo a primeira regra de Graham: "Não perca"!

Lógica implacável

Chegamos a Value Investing por pura chance. Alguns de seus princípios, como seu forte enfoque no controle de risco, impressionaram com sua lógica implacável à primeira vista. Outros não. Quando todo mundo assegurava o contrário, era razoável acreditar, sem ver na prática, que o passado de uma empresa pode nos fornecer informações importantes sobre seu futuro? E porque aceitar passivamente a idéia que uma ação apresentando um desconto hoje subirá até seu preço justo no futuro?

Mistérios

Solicitado (por uma comissão de investigação) a explicar este último conceito, Ben Graham respondeu: "É um dos mistérios de nosso negócio, um mistério tanto para mim quanto para os outros. Mas a experiência nos ensina que um dia o preço de mercado de uma ação alcançará seu valor".

Apesar de seus mistérios, nos últimos 5 anos a experiência nos ensinou que é a verdade: o Value Investing funciona!

29/01/04

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