Zen e a Bolsa de Valores

Tranquilamente sentado, não fazendo nada,
A primavera chega, e o capim cresce sozinho.

- Poema Zen

Fundamentos x Sentimento
Como qualquer leitor das páginas econômicas dos jornais deve saber, as influências sobre o mercado de ações podem ser resumidos em duas: os fundamentos e o "sentimento" dos investidores. Mas há um espaço vital entre os dois onde a percepção de certos fundamentos ajudam a esvaziar o poder do sentimento.

Com a bolsa, de novo, em marcha à ré, vamos mostrar como, em certas situações, um determinado enfoque ajuda a tranquilizar a mente angustiada do investidor. Vamos examinar três posicionamentos psicológicos: a ação como participação de um negócio; a bolsa como pesquisa de opinião; e o dividendo como retorno mínimo.

A ação como participação de um negócio
Um artigo de fé entre investidores em valor (value investors) é que "enquanto a bolsa for capaz de se manter supervalorizada ou subvalorizada durante muito tempo, o mercado não conseguirá fugir, no longo prazo, dos fundamentos dos negócios em que as empresas estão engajadas". Quer dizer: se seu investimento for de longo prazo, o foco de seu acompanhamento deve ser os negócios dos quais você participa através de suas ações, e não o movimento dos preços destas ações na bolsa.

A bolsa como pesquisa de opinião
A bolsa, lembra Warren Buffet, é somente um lugar onde se compra e vende ações. Fora disso ela só existe para podermos verificar se alguém quer fazer alguma coisa tola - como oferecer ações a um preço claramente abaixo de seu valor verdadeiro, por exemplo.

Assim, é interressante acompanhar as cotações, de vez em quando, para verificarmos se há gente louca em atividade. Mas é sempre necessário lembrar que a bolsa não é uma máquina que calcula o valor verdadeiro de ações: é um processo que simplemente pesquisa a opinião dos investidores. E estes, como já observamos, estão movidos em parte por sentimento - especialmente em épocas de forte alta ou profunda baixa.

O dividendo como retorno mínimo
Finalmente, em tempos de retração é a sinalização dos dividendos em potencial que serve como uma grande fonte de tranquilidade. Embora só representem parte dos ganhos que podem ser obtidos com ações, eles estabelecem um piso firme para nossas emoções. É fácil entrar em parafuso tentando avaliar qual é o momento certo para entrar em um mercado em queda.

Mas se um papel já oferece um retorno real sobre nosso investimento de 8% ou mais, só de dividendo (a situação atual para vários bons pápeis), é um forte sinal que provavelmente representa melhor investimento do que uma aplicação de renda fixa. Isso dá uma segurança na execução de nossas compras: o mercado pode até cair mais, ou a baixa se prolongar, mas já temos, ao nível atual, a promessa de bons dividendos.
(Publicado pela primeira vez em 27/04/00)

Índice do Arquivo I Primeira Página