I - Os Resultados
Recomendações sobem 91%; Ibovespa cai 31%
Turbinadas por Forjas Taurus, as 5 ações recomendadas pelo Ação&Reação em 2001 (entre as 8 analisadas em Raio-X) tinham subido 91% em média da data de sua divulgação até o dia 12/11/02, enquanto o Índice Bovespa, nos mesmos prazos, tinha caído 31% em média.
Anualizando os resultados - que é trabalhoso mas faz mais sentido - verificamos que as recomendações apresentaram um retorno médio nominal de cerca de 46% ao ano. E mesmo eliminando a forte influência de Forjas Taurus do estudo ainda encontramos um retorno de 34% aa.
Retorno histórico excede 50% aa
O desempenho de um punhado de recomendações de um único ano não significa muita coisa sozinho. No entanto, se juntarmos ao resultado da pesquisa de 2001 as conclusões dos estudos das recomendações de 1999 e 2000, um quadro bem mais convincente se revela.
O estudo efetuado em junho de 2001, enfocando as recomendações de 2000, encontrou uma valorização média de 33%, contra uma queda média do Índice de 10%. E o estudo de agosto de 2000 verificou uma valorização de 133% nas recomendações de 1999, contra um aumento de 68% no Índice.
Anualizando estes dados, temos retornos anuais nominais aproximados de 34% e 87%, respectivamente, para as recomendações de 2000 e 1999. Assim a média dos retornos anuais verificados nos três estudos (46%, 34% e 87%) chega a mais de 50% aa!
Recomendações de 2002 engatinhando
Apesar de também superar o Índice Bovespa por boa margem, as recomendações de 2002 apresentam um desempenho bem mais modesto. Mas ainda é cedo: ao encontrar uma ação que acreditamos esteja subavaliada, não é razoável imaginar que o mercado mudará sua opinião contrária logo em seguida. A experiência sugere que um horizonte mais apropriado para medir o desempenho é 1-2 anos.
Apresentamos os últimos resultados abaixo:
II - Critérios e Comentários
Quem entrou e quem ficou de fora
Como o horizonte das recomendações varia de 6 meses a 5 anos, há sempre a questão de onde começar e onde terminar o estudo. Como já pesquisamos as recomendações de 1999 e 2000, nos concentramos no ano de 2001.
A Forjas Taurus, já pesquisada em 2000, foi mais uma vez pesquisada em 2001. Isso acontece porque a empresa foi re-analisada e re-recomendada no ano passado. E ignoramos Embraco, Weg e a Tele Centro Oeste, recomendadas nos últimos dois meses (e apresentando, atualmente, desempenhos excelentes).
Há também a questão do nível de recomendação. Só incluímos na pesquisa análises onde especificamente usamos a palavra "Recomendamos". Assim Marcopolo, por exemplo, fica de fora.
Timing funciona?
Alguns colegas devem estranhar - com certa razão - a forma da pesquisa das recomendações de Ação&Reação, considerando muito mais lógico simplesmente apresentar o desempenho de uma carteira de 1999 até hoje baseada nas recomendações.
A única vantagem do procedimento atual é concentrar na escolha das ações, colocando em segundo plano o timing da compra ou venda. Nossas pesquisas simplesmente investigam o efeito, após a passagem de 1-2 anos, de alguém ter comprado as recomendações na data de sua emissão.
Freqüentemente compramos as empresas recomendadas para nossas próprias carteiras. Mas dificilmente efetuarmos estas compras na data da emissão da recomendação.
A avaliação é difícil, mas é pouco provável que nossas carteiras tenham superado os retornos anuais verificados nas pesquisas. Isso parece indicar que não adianta perder muito sono em tentar acertar o timing. Nas palavras cautelosas de Benjamin Graham:
"De maneira geral, temos a impressão que é melhor o investidor efetuar suas compras de ações sempre que ele dispuser de fundos - exceto nas ocasiões em que o nível geral do mercado esteja muito acima do nível justificado por padrões de valorização tradicional. E se ele quiser ser astuto pode procurar as pechinchas que estão sempre presentes." (O Investidor Inteligente)
Quer dizer: ao aparecer uma pechincha, e tendo dinheiro, é melhor efetuar a compra na hora - se o mercado não estiver excessivamente sobrevalorizado.
Desvalorização
O que mais chama a atenção nas tabelas é a performance excepcional de Forjas Taurus e o desempenho medíocre das recomendações feitas a partir de maio deste ano.
A força motriz atrás tanto dos resultados individuais excepcionais quanto dos resultados que deixam a desejar é a continuação da desvalorização.
Por um lado, a queda do real impulsionou exportadoras (Forjas, Gerdau, Vale) e favoreceu empresas com ativos no exterior (Gerdau). Por outro lado, a desvalorização prejudicou empresas endividadas (Copel), instituições financeiras afetadas pela ameaça da renegociação da dívida pública (Itaúsa), e firmas no mercado doméstico cujos produtos são atrelados ao dólar (Ipiranga).
No caso de Forjas Taurus, parece que a explosão surpreendente de seu preço foi provocada pela combinação de uma maior divulgação de sua capacidade de exportação com outros dois fatores: seu preço muito baixo e a disposição de investidores de ignorar o risco da imposição de restrições sobre a venda de armas.
Por sua vez, as recomendações feitas a partir de maio enfocaram exatamente as empresas que tinham sido mais prejudicadas pela desvalorização. Ao procurarmos aproveitar de ações que têm caído fortemente, sempre corremos o risco que o movimento continue - que foi o que aconteceu neste caso.
III - As Conclusões
Graham e Buffet mostram o caminho
1. O bom desempenho das recomendações de 1999, 2000 e 2001 fornecem evidências importantes que as idéias e técnicas de Benjamin Graham e Warren Buffet, seguidas a risco pelo Ação&Reação, funcionam no Brasil, e funcionam bem. Mas os indícios ainda não são conclusivos: é só com 5 anos de resultados positivos que vamos considerar a partida vencida.
2. Superar o mercado não significa que sempre se ganha dinheiro. Estudos nos Estados Unidos, enfocando o período 1950-97, indicam que uma carteira de ações que reflete o mercado só assegurava um retorno positivo se mantida por pelo menos 10 anos. É animador que as pesquisas das recomendações de Ação&Reação sempre têm encontrado significativo retorno positivo.
Parece razoável esperar um ou outro ano de prejuízos, mas ficamos abismados ao verificar que o valor do fundo administrado pelo Buffet, no período 1965-2000, apresentou ganho todo ano!
3. Mas é pouco realista sonhar com um retorno de 50% todo ano. Nem Buffet consegue isso. As análises que sustentam as recomendações indicam, no nível atual do mercado, um retorno sustentável bem menor. Preferimos acreditar na possibilidade de um retorno médio sustentável de mais de 20% aa em termos reais. Coincidência ou não, esta cifra não fica longe do retorno médio histórico obtido por Buffet de 23,6% aa.
IV - Indagações
Escondendo o jogo
Desde que montamos o Ação&Reação, 4 anos atrás, o site tem contabilizado mais de 200.000 visitas. O que impressiona é o fato de não ouvirmos de ninguém que tenha ganho consistentemente com nossas recomendações. Não estamos conseguindo passar nossa mensagem? Ou tem gente escondendo o jogo?
19/11/02
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