I - Introdução
Qualidade sem quantidade vale
Avalia-se uma estratégia vencedora pela qualidade e quantidade de seus resultados. Um bom retorno com uma ou outra ação normalmente não significa sucesso, podendo ser simplesmente o produto do ocaso. No caso da avaliação atual, que destaca o desempenho das recomendações de compra de Ação&Reação nos anos de 2003 e 2004, discordamos dessa opinião.
Sim, realizamos somente 12 análises detalhadas no período, e somente 5 dos trabalhos geraram recomendações de compra - com duas relativas à mesma empresa. No entanto, as esparsas análises e poucas recomendações se devem, não a um menor esforço de análise, mas à ausência de oportunidades: só iniciamos uma análise detalhada se a preliminar indicar possível opção de investimento.
Assim não acreditamos que a quantidade reduzida de recomendações reduza a qualidade do resultado. Pelo contrário, consideramos o fato da abordagem identificar poucas oportunidades durante a época em questão mais um indício de sua eficácia!
Recapitulando
Recapitulando, as recomendações de Ação&Reação são veiculadas tanto pelas análises Raios-X e Check-Up publicadas abertamente no site, quanto por Análises Confidenciais anunciadas no site e adquiridas por interessados. O horizonte máximo das recomendações é normalmente de 2-5 anos.
Todas as análises são orientadas por nossa interpretação dos conceitos de Value Investing, uma abordagem radical de análise fundamentalista desenvolvida por Benjamin Graham, Warren Buffet e outros.
II - Os Resultados
Capital multiplicado 3,5 vezes
As recomendações feitas em 2003 (Tabela 1) estão sendo analisadas pela segunda vez. Com a passagem de um prazo médio de 26 meses desde as datas das recomendações, verificamos que o retorno total médio dos três papéis em questão é de 254%, em termos nominais.
Em outras palavras: se um investidor tivesse comprado valores iguais de cada empresa na data de sua recomendação, teria, em média, multiplicado seu capital 3,5 vezes em pouco mais de dois anos. É um resultado muito bom.
E se ele tivesse investido o capital dele na carteira teórica do Índice Bovespa, nas mesmas datas, teria um retorno médio de "somente" 103%.
Ainda preliminar
Por sua vez, as recomendações de 2004 (Tabela 2) produziram um retorno médio de 38% em cerca de um ano, comparado com um retorno médio do Índice de 22%. Como o tempo transcorrido desde as datas das recomendações é bem menor que o horizonte de investimento estabelecido, consideramos o resultado ainda preliminar.
Resultados anualizados
Anualizando o retorno apresentado por cada ação, e calculando a média, obtemos um retorno anual de aproximadamente 70% para as recomendações de 2003 e 36% para as recomendações de 2004. Embora possa ser criticado (porque a valorização não ocorre linearmente ao longo do tempo), a anualização permite comparar, na mesma base, o desempenho em períodos de duração diferente.
Podemos verificar (Tabela 3) que o resultado anualizado de 2003 é o segundo melhor dos 6 anos pesquisados.
Tabela 1: Recomendações de 2003
(Preços em R$ por 1000 ações)
Empresa Data Preço Preço Divis IBV GANHO GANHO GANHO
RaioX RaioX 18/07/05 RaioX AÇÃO IBV ANUAL
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GERDAU MET 18/03/03 8467* 31000 5608 11150 332% 127% 80%
SADIA 07/05/03 1270 4630 453 12643 300% 100% 80%
ITAÚSA 13/06/03 2420 5140 411 13982 129% 81% 51%
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Ganho Médio da data da recomendação 254% 103% -
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Ganho Médio das ações anualizado - - 70%
Tabela 2: Recomendações de 2004
Empresa Data Preço Preço Divis IBV GANHO GANHO GANHO
RaioX RaioX 18/07/05 RaioX AÇÃO IBV ANUAL
-----------------------------------------------------------------------
GERDAU MET 02/06/04 27200^ 31000 3860 19716 28% 28% 24%
PETROBRAS 23/07/04 74800 104100 6667 21591 48% 17% 48%
----------------------------------------------------------------------
Ganho Médio da data da recomendação 38% 22% -
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Ganho Médio das ações anualizado - - 36%
Ibovespa 18/07/05: 25321 RAIO-X/CHECK-UP/ANÁLISE CONFIDENCIAL
Notas:
* 50,8/6*1000 = 8467 (grup 1000->1, bonis de 100%, 100% e 50%)
^ 40800/1,5 = 27200 (bonis de 100% e 50%)
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Retorno das recomendações é o triplo do Ibovespa!
Se juntarmos aos resultados das avaliações de 2003 e 2004 os resultados das pesquisas das recomendações de 1999, 2000, 2001 e 2002, e calcularmos médias globais, temos a posição mostrada na Tabela 3.
Podemos observar que as 38 recomendações têm apresentado, ao longo de um prazo médio de 17 meses, um ganho médio global de 110%, contra um ganho médio do Índice de 40%. O retorno das recomendações é quase o triplo do retorno do Ibovespa, com as recomendações apresentando um ganho médio global anual de 57%.
Retorno na recomendação não é retorno na carteira
Cuidado com essa última cifra! Ela não significa que a estratégia adotada gerou um retorno de 57% ao ano durante 6 anos. Como os prazos analisados são diferentes, e o mesmo desempenho é captado em dois anos seguidos em alguns casos, os resultado simplesmente dá uma boa idéia da eficácia das recomendações.
Colocados em termos concretos, um investidor que tivesse comprado lotes de ações na data de cada recomendação, e tivesse vendido os mesmos nas datas das avaliações (17 meses, em média, depois), teria obtido um retorno médio de cerca de 57% ao ano nessas operações.
Agora, como veremos em "IV - Comentários", dificilmente toda a carteira desse investidor teria este excelente retorno.
Tabela 3: Resultados das Avaliações 1999-2004
Ano Ganho Ganho Ganho Prazo Número
da Médio Índice Anualizado Medio de
Recomendação Total Mesmos das Medido Empresas
Ações Períodos Ações (Meses)
--------------------------------------------------------------
2004+ 38% 22% 36% 12 2
2003 254% 103% 70% 26 3
2002 109% 87% 70% 19 9
2001 91% -31% 46% 17 5
2000 33% -10% 34% 13 11
1999 133% 68% 87% 15 8
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Média Global 99-04 110% 40% 57% 17 (38*)
Notas:
+ Resultados preliminares
* Total
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III - Critérios
Tabelas 1 e 2
Como as recomendações possuem um horizonte máximo de 2-5 anos não levamos em conta as análises feitas nos últimos 9 meses. Consideramos somente recomendações de "compra", ignorando recomendações de "manter". E como já foram analisados duas vezes em avaliações anteriores, não levantamos o desempenho de recomendações feitas nos anos que antecederam 2003.
Só incluímos o mesmo papel mais de uma vez na mesma análise se for reanalisado e re-recomendado no ano subseqüente (o caso da Gerdau Met). Note que esse procedimento não é irreal porque um investidor pode aproveitar uma recomendação repetida para comprar mais um lote da mesma ação.
Onde cancelamos a recomendação só levantamos o desempenho da ação até a data do cancelamento. Nesses casos adotamos como o desempenho anualizado somente o desempenho verificado até o cancelamento, sem alteração.
Tabela 3
Normalmente pesquisamos as recomendações de um determinado ano em duas épocas diferentes. Nesses casos sempre adotamos o resultado da pesquisa mais distante do ano da recomendação.
IV - Comentários
Renda fixa prejudica?
Já comentamos em avaliações anteriores o fato do desempenho das recomendações de compra ter superado em muito o desempenho de nossas carteiras - que se baseiam, em boa parte, nessas mesmas recomendações. Como vimos, as recomendações obtiveram retorno médio de 57% ao ano ao longo um período médio de 17 meses após a compra. O resultado de nossa carteira principal, no entanto, ao longo de 5 anos, é uma média (aritmética) de 34%.
Embora tenhamos demorado a percebê-la, a explicação principal é óbvia: é o rendimento relativamente baixo do componente da renda fixa da carteira. Vamos supor que, em média, metade da carteira foi aplicada em ações e teve o retorno observado de 57%; e chutar que outra metade foi aplicada na renda fixa e dinheiro em espécie e rendia 12% aa. Nesse exemplo o retorno da carteira seria 34,5%, próximo do resultado obtido com nossa carteira principal.
Existe prazo ideal para manter uma ação?
As avaliações dos últimos 6 anos foram efetuadas em datas arbitrárias. Não consideramos a questão do prazo ideal para a manutenção de uma ação. Os bons resultados obtidos sugerem que o prazo médio de 17 meses, calculado na Tabela 3, é promissor. Por outro lado, o fato das ações de certas empresas serem recomendadas repetidamente ao longo dos 6 anos é possível indicação de um prazo ideal maior.
Enquanto é praticamente certo que o prazo ideal depende da empresa, não há dúvida que seria interessante usar as 38 recomendações que fizemos para pesquisar o assunto mais a fundo. Neste respeito é interessante mencionar um procedimento, atribuído a Ben Graham, onde o investidor mantém uma ação por um máximo de dois anos, vendendo-a antes do fim deste prazo se a valorização atingir 50%.
Foco nas empresas excepcionais
Outra questão envolve as empresas específicas recomendadas. Os resultados obtidos se devem muito à forte presença de três ações: Weg, Gerdau Met e Itausa. É mais evidência que são poucas as empresas excepcionais - e é vantajoso focar nelas.
V - As Conclusões
Resultados bons e consistentes
Reforçamos a conclusão de nossa última avaliação. Agora temos indícios ainda mais fortes que o Value Investing gera resultados bons e consistentes. Embora tenha havido perda com uma ou outra ação, nenhum ano de recomendações, consideradas em conjunto, gerou um resultado negativo. E em nenhum ano o Índice ganhou das recomendações.
18/07/05
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