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Sadia SA - parte 1
Código: SDIA4 Preço: 07/05/03 Preço da PN por 1000 ações: R$ 1.270,00 Número de ações: 682.70 MM Setor: Alimentos Produtos/Serviços Principais: alimentos industrializados; carne de aves e suínos in natura.
Todo mundo conhece a Sadia, sua marca é considerada a mais valiosa do setor de alimentos brasileiro. Além de liderar diversos segmentos do setor no mercado nacional, a empresa é uma das maiores do ramo na América Latina.
Pois bem, quando olhamos os números da Sadia dos últimos 10 anos, um número em particular chama a atenção: o Preço/Patrimônio Líqüido atual de 64%. Com a empresa batendo recordes de rentabilidade, o indicador não está muito distante do seu nível mais baixo dos últimos 5 anos (de 54%). E se considerarmos os valores do indicador no fim do cada ano da última década, só não está mais baixo do nível do fim de 1998.
Como o papel, ao se aproximar das TOP20 de nossa lista das 100MAIS, já entrou no radar de Ação&Reação, sentimos a obrigação de tentar solucionar o mistério.
O resultado da pesquisa é longo. Há investidores que só querem saber da conclusão, considerando detalhes da história da empresa e seus produtos, por exemplo, como desperdício de tempo. Não é nosso caso. Somos constantemente surpreendidos como aspectos cruciais da empresa surgem nos lugares menos esperados, ou como conseqüência da recorrência de fatores que são, à primeira vista, sem importância.
Tabela de Dados
Anos 40
Em junho de 1944 o fundador da Sadia, Attilio Fontana, adquiriu Concórdia Ltda na cidade do mesmo nome em Santa Catarina, alterando a razão social para S.A. Ind. e Com. Concórdia. A empresa possuía moinho de trigo e abatedouro de suínos inacabado, inaugurado em novembro do mesmo ano.
Em 1946, o frigorífico já abatia 100 suínos por dia. Com a matéria prima a empresa fabricava itens como banha, toucinho, carnes salgadas, pernil, presunto, salame, lombo e lingüiça. O nome "Sadia", abreviação do nome da empresa, virou marca registrada em 1947.
Anos 50
Com a região de Concórdia se tornando polo da criação e industrialização de suínos, a Sadia investiu, a partir de 1951, na verticalização da suinocultura no oeste catarinense, formando parcerias com produtores rurais.
O programa compreendeu provisão de assistência técnica e veterinária, e fornecimento de ração, com vistas à obtenção de animais produzidos em plantéis de alta produtividade e condições higiênico-sanitárias controladas. Um trabalho genético, envolvendo a importação de suínos de raça resultou no híbrido Hiper-Sadia, "campeão na obtenção de matéria prima de qualidade".
Procurando atender melhor a crescente demanda de São Paulo a empresa, em 1952, recorreu ao transporte aéreo para evitar que produtos delicados perecessem nas estradas longas e precárias ligando a cidade a Concórdia. Em 1955 foi criada a Sadia Transporte Aérea que também entrou no segmento de transporte de passageiros.
Em 1953, a empresa inaugurou o Moinho da Lapa em São Paulo e abriu filiais comerciais em São Paulo, Bauru, Campinas, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro. Em 1956 a empresa iniciou o abate de frangos.
Anos 60
Em 1961, a empresa institucionalizou a cooperação com produtores através do programa "Fomento Agropecuário" e introduziu a avicultura integrada em Concórdia.
As instalações da Frigobrás, frigorífico de derivados de suínos e bovinos, foram inauguradas na cidade de São Paulo em 1964.
Em 1967, a Sadia Comercial foi criada para coordenar as atividades de distribuição e vendas do grupo, que tinham se expandidas para abranger novos depósitos em Porto Alegre, Erechim, Porto União, Blumenau, Foz do Iguaçu e novos escritórios comerciais em Curitiba, Londrina, Belo Horizonte e Brasília. No mesmo ano foram assinados os primeiros contratos de exportação de carne bovina e suína in natura.
Anos 70
Em 1971 a empresa abriu seu capital, mudando seu nome para Sadia Concórdia SA. Ao lado de Attilio Fontana, eleito direto-presidente, 27 acionistas assinaram a ata da empresa.
Em 1972 a Sadia Transportes Aéreas se tornou independente do grupo, adotando o nome de Transbrasil.
Tendo iniciado a marcha para o Centro Oeste no fim dos anos 60, a Sadia assumiu controle de Frivar de Várzea Grande (MT) em 1971. Renomeada Sadia Oeste, a empresa se especializou em produtos bovinos e a exportação.
Após a entrada em operação da Sadia Avícola em 1973, em Chapecó (SC), a Sadia iniciou, em 1975, a exportação de frango congelado para o Oriente Médio, assumindo a liderança entre as exportadoras nacionais do setor.
Em 1978 a empresa implantou um centro de pesquisa de genética animal, biotecnologia e tratamento de solo no Oeste Catarinense. O centro se transformou na Sadia Agropastoril Catarinense. No mesmo ano a Sadia criou uma incubadora de pintos.
Em 1979, a empresa adquiriu Frigorífico Planalto no Rio de Janeiro. A produção da empresa de embutidos foi dirigida aos mercados fluminense e mineiro. Também em 1979, a Sadia adquiriu uma esmagadora de soja em Joaçaba (SC) que se tornou a Sadia Joaçaba, o primeiro investimento da Sadia no setor de soja.
Anos 80
Foi criado em 1981, a Sadia Trading, "empresa comercial exportadora com a missão de centralizar as exportações da Sadia".
Em seguida, diversas novas unidades produtoras entraram em operação: uma unidade de processamento de soja em Paranaguá (PR) em 1983; um abatedouro de suínos em Três Passos (RS) e outro de bovinos em Barra do Garças (MT), ambos em 1985; uma planta processadora de soja e produtora de óleo refinado em Rondonópolis (MT) em 1986; e dois abatedouros de bovinos, em Andradina e Araçatuba (SP) em 1989. Os últimos dois abatedouros tornaram-se a nova empresa Indústria Mouran Ltda.
Em 1988, o faturamento do grupo ultrapassou US$1 bilhão.
Anos 90
Em 1990, a Sadia lançou sua linha Califórnia de frios e presuntos de peru, agregando almôndegas e hambúrguer de peru em 1992. Foi também em 1990 que a empresa concluiu, em Concórdia, sua nova fábrica de presunto cozido, uma das maiores do mundo, e adquiriu o abatedouro de frangos Chapecó Avícola.
Em 1991, a empresa entrou no segmento de margarinas, produzindo a marca Qualy em sua nova planta de hidrogenados em Paranaguá (PR). No mesmo ano foi adquirido um abatedouro de frangos em Francisco Beltrão (PR).
Em 1992 foram inaugurados um abatedouro de suínos em Ponta Grossa (PR) e um abatedouro de frangos em Várzea Grande (MT).
Também nos anos 1991 e 1992 foram abertas escritórios comerciais em Tóquio, Milão e Buenas Aires, e um "ponto de observação" em Pequim.
É neste ponto que começa a reestruturação e consolidação do grupo. Sadia, após iniciar a década de 90 com 21 controladas, chegou no fim de 1996 com somente 14. É também um período em que a empresa entrou com força no segmento de alimentos industrializados congelados e resfriados.
Em 1992, a controladora incorporou o Moinho da Lapa e a Sadia Agropastoril Catarinense, e a Sadia Oeste incorporou a Indústria Mouran. Em 1993 a Lapa Alimentos, um joint venture com Grupo J Macedo, concentrou todas as atividades do grupo na área de farinhas, massas, misturas semipreparadas para bolos e panificação e gelatinas.
Após a implantação de um novo abatedouro e frigorífico de perus em Francisco Beltrão em 1996, a reestruturação prosseguiu: a Sadia incorporou a Sadia Trading e outras controladas em 1997 e saiu definitivamente da abate de bovinos; foram alienadas as atividades independentes da área de soja, incluindo a unidade de Joaçaba; foi extinta a divisão Grãos e Derivados; e Sadia Oeste incorporou a Frigobrás que assumiu a nova denominação de Sadia Frigobrás.
Com a reestruturação se acelerando, em 1998, a Sadia Concórdia foi incorporada pela Sadia Frigobrás, resultando na Sadia SA, "consolidando em uma única companhia aberta todas as atividades operacionais da organização, corolário de um processo gradual de reestruturação societária, visando à simplificação, maior transparência para o mercado de capitais e contribuindo para melhor economia de escala pela redução de custos administrativos e tributários".
No final do mesmo ano uma nova fábrica de pizzas congeladas e massas frescas refrigeradas foi implantada na unidade de Ponta Grossa (PR).
Duas aquisições foram feitas em 1999: a compra da empresa Miss Daisy que permitiu à Sadia ingressar no segmento de sobremesas geladas; e a aquisição da Granja Rezende, em Uberlândia, centro de excelência em genética avícola e de suínos, e uma das mais modernas indústrias de carne da América do Sul.
Também em 1999 foi inaugurada, em Duque de Caxias (RJ), uma nova fábrica de embutidos (salsichas e lingüiças). O projeto, orçado em R$ 39 milhões, foi implantado em apenas seis meses para substituir as instalações anteriores, destruídas por um incêndio.
Anos 2000
A reestruturação prosseguiu em 2000 com a Sadia SA sendo absorvida por sua controlada Sadia Alimentos que assumiu a mesma razão social da empresa incorporada. A associação com J Macedo em Lapa Alimentos foi desfeita e as atividades envolvidas (farinhas etc) ficaram definitivamente fora do portfólio da Sadia.
Embora o Oriente Médio tradicionalmente tenha sido o principal destino das exportações, em 2000 as vendas para Europa atingiu 32% do total. Neste ano uma parceria com a inglesa Sun Valley, subsidiária da Cargill, propiciou a consolidação dos negócios com industrializados e partes de aves no Reino Unido, resultando na criação, em 2001, da joint venture, Concordia Foods Limited.
Em 2001, a Sadia inaugurou seu Centro Logístico de Distribuição em Jundiaí (SP), responsável pela distribuição dos produtos da empresa no estado, seu o maior mercado consumidor.
No início de 2001 a Sadia criou, com sua concorrente Perdigão, a BRF International Foods, com foco na exportação de carne de suínos e aves para mercados emergentes como a ex-União Soviética, Eurásia, África e América Central. Por razões desconhecidas a associação não deu certa.
No fim de 2001 a parque fabril da Sadia SA consistia de 12 plantas: as fabricas de Concórdia e Chapecó (SC), Três Passos (RS), Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Toledo, Paranaguá e Ponta Grossa (PR), Várzea Grande (MT), Duque de Caxias (RJ), São Paulo (SP) e Uberlândia (MG).
Finalmente, em agosto de 2002, foi incorporada a controlada Granja Rezende SA.
Em 2002, a Equivalência Patrimonial da controladora do grupo Sadia foi praticamente igual ao seu resultado operacional (uma situação estranha que discutimos em Últimos Resultados). Sadia Gmbh contribuiu 56% do total, Granja Resende 22% e Sadia International 20%. Como vimos, a Granja Rezende já foi incorporada pela controladora. As outras duas empresas são controladas integrais.
Como a Sadia Gmbh é uma controlada alemã, e Sadia International controla subsidiárias na Argentina, Chile, Itália, Uruguai, China e outros países, fica claro que todas as controladas importantes no Brasil já foi incorporadas pela controladora.
O Presidente do Conselho é Romano Ancelmo Fontana Filho e o Diretor Presidente é Walter Fontana Filho. O atual ministro Luiz Fernando Furlan foi o Presidente do Conselho anterior.
De acordo com a posição do fim de 2001, os detentores das ações ordinárias são a Fundação Attilio Fontana com 25%, a Sunflower Part, uma empresa controlada por quatro membros da família Fontana, com 32%, e Osorio Henrique Furlan com 14%.
Não dispomos de maiores detalhes mas é claro que a Sadia continua a ter controle e administração familiar. Há recorrência dos nomes Fontana e Furlan entre os acionistas controladores, no Conselho e na Diretoria.
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